PRINCIPAIS DOENÇAS DOS COELHOS
MIXOMATOSE
Trata-se de uma doença vírica altamente contagiosa causada por um vírus originário do continente americano (família Poxviridae) em que o coelho selvagem americano (género sylvilagus) e a lebre são resistentes à doença mas portadores do vírus. Contudo, quando infectados, o coelho bravo e as raças domésticas que dele derivam desenvolvem uma doença quase sempre fatal num prazo de 6 a 15 dias.
O vírus é transmitido por via directa através do contacto com coelhos doentes, ou por via indirecta através de vectores artrópodes como mosquitos, pulgas, carraças ou piolhos, em cujos aparelhos bucais o vírus se aloja sem no entanto se replicar. A transmissão pode também ocorrer através de vectores mecânicos como jaulas, agulhas, comedouros, alimentos contaminados por excreções e exsudados naso-lacrimais.
A Mixomatose está sujeita a surtos epidémicos anuais, dependendo do clima, da região, da quantidade e tipo de insecto vector presente, logo os meses mais quentes e húmidos (Primavera, Verão e Outono) são os períodos de maior risco.
As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99%, tendo a virulência do agente diminuído progressivamente devido ao desenvolvimento de resistência genética em algumas populações de coelhos e sobretudo pelo aparecimento espontâneo de estirpes de vírus atenuadas, reduzindo a taxa de mortalidade para 50-75% e prolongando a duração da doença (6 para 30 dias).
Algumas destas estirpes pouco virulentas desempenham um papel fundamental, pois funcionam como vacinas naturais, uma vez que os coelhos que sobrevivem à infecção desenvolvem uma forte resposta imunitária à infecção por estirpes mais virulentas.
As principais manifestações clínicas e lesionais da Mixomatose podem surgir sob duas formas clínicas:
Forma clássica ou nodular: após período de incubação o coelho apresenta edemas e nódulos (mixomas) na cabeça (blefaroconjuntivite) e na zona ano-genital, estendendo-se depois a todo o corpo, ocorrendo a morte após 10 a 15 dias após infecção.
Forma atípica ou respiratória: nestes casos a Mixomatose surge associada a sintomas respiratórios e oculares, sem o aparecimento dos característicos mixomas, originado lesões inflamatórias nas pálpebras, conjuntivas, nariz, hemorragias pulmunares e pneumonias bacterianas.
DOENÇA HEMORRÁGICA VIRAL DO COELHO (DHV)
Também designada por septicemia vírica ou peste chinesa, foi detectada pela primeira vez na China em 1984, disseminando-se rapidamente na Europa a partir de 1988.
É uma doença altamente contagiosa provocada por um vírus do género Calicivirus, com taxas de mortalidade de 50 a 100 %, afectando o coelho bravo europeu e os coelhos domésticos que dele derivam. A lebre europeia (Lepus sp.) e outras espécies de coelho não padecem desta doença.
A transmissão ocorre mediante contacto directo com coelhos infectados (via oral, conjuntival e respiratória) e também por transmissão indirecta, onde insectos, aves e mamíferos podem actuar como vectores importantes.
É no Outono e Inverno que ocorrem os maiores surtos de DHV.
O sinal clínico mais evidente é a morte súbita e rápida (período de incubação de 24-48 horas) dos coelhos adultos e jovens adultos, não afectando coelhos com idade inferior a 2-3 meses. Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz, edema, hemorragia e congestão da traqueia e pulmão, fígado, baço, coração e tecido linfático.
Hemorragia nasal
É um vírus muito resistente no meio ambiente, podendo permanecer na matéria orgânica dos campos 105 a 225 dias, resistindo à congelação, a temperaturas elevadas (uma hora a 50°c) e a pH baixo.
O vírus é sensível a hidróxido de sódio 10% (soda caustica), formol 1,4 % e hipoclorito de sódio 10% (lixívia).